João estava triste. Andava cabisbaixo pelos cantos, dificilmente alguém o via muito feliz. Ele ainda conseguia fazer suas atividades cotidianas, saía com os amigos, trabalhava, tratava bem as pessoas, portanto acabava passando despercebido pelos outros.
-"Aparentemente é um bom disfarce" - pensava ele.
Fachada.
Uma máscara para poder esconder-se dos julgamentos da sociedade. Um abrigo.
João vinha tendo essa sensação de vazio cronicamente. Quantos anos já? Cerca de uns 5 anos. Estava no auge de seu vigor físico e saúde aos seus vinte e tantos anos, anos esses que iam escorrendo entre seus dedos como se fosse água.
Não era uma depressão, muito menos bipolaridade. Não queria ser rotulado dessa forma, ao menos.
Ele ainda sentia prazer nas atividades que ele sempre gostou de fazer, ele não vivia de cama, escondido do mundo. Podemos dizer que João era um bravo guerreiro, ao conseguir suportar tamanho fardo por tanto tempo com um sorriso estampado no rosto.
Ele tinha recaídas de forma recorrente. Muitas vezes estava cheio de vontade, cabeça erguida e apresentava um sorriso franco, havia superado os fantasmas do passado. Por outras vezes, quando menos esperava, essas sombras o alcançavam novamente e o afundavam nesse vazio. Era como se alguma entidade por vezes o visitasse e sugasse toda a felicidade do ambiente, atirando sua auto-estima ralo abaixo.
Soube da pior forma como uma pessoa sozinha seria capaz de fazer esse desbalanço em sua vida.
