segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Penance & Pain

Com esse mundo cada vez mais louco, eu fico pensativo às vezes.
Quando ando sozinho, tarde da noite ou em plena madrugada, não passa uma viva alma na rua.
O fato de a rua ser bem iluminada é indiferente; o mesmo pensamento sempre me invade.

É muito fácil matar (ou ser morto). E de loucos o mundo está cheio. Já tive contato (direta ou indiretamente) com pessoas que dizem ter sede de sangue. Que matam por bel prazer. E você sozinho andando na calada da noite é um alvo fácil para qualquer pessoa mal intencionada, que apenas precisa abaixar o vidro do carro e apertar um gatilho e sair como se nada tivesse acontecido. Não há obrigatoriedade de existir um motivo para tal.

Nenhuma pista é deixada.
O caso nem será investigado a fundo.
Nada acontecerá.
Logo cairá no esquecimento.
Vida que segue, você foi apenas mais um. É apenas mais um risco na parede na estatística do agressor.
Agora você faz parte da coleção.

"Game over, game over, game over, game over, game over."











terça-feira, 20 de outubro de 2015

All together collectively!

Everything changes ... except you.
Passes away, becomes anew.
How much longer ... will you drown?
Yes, you drown!
YOU DO.




quinta-feira, 18 de junho de 2015

Lurking

Murilo sempre teve medo do escuro.
Murilo continua tendo medo do escuro.
Murilo segue tendo medo do escuro.

-"Enfrente os seus problemas" - disseram eles. Mas Murilo sabia que havia algo errado. Ele tinha certeza de que algo não estava certo; e decidiu, portanto, arriscar, afinal os conselhos eram invariáveis e insistentes.

Murilo sentia um medo irracional de que algo estivesse à espreita, esperando para atacá-lo, quando menos esperasse. E ele sabia que era um sentimento bobo.

-"Nenhum monstro vai ficar parado, silenciosamente, aguardando horas a fio até o momento certo" - pensava ele. -"E por quê justo na minha casa?" - E ria. Mas no fundo ele não tinha assim tanta certeza. Quem poderia garantir que esses monstros realmente não eram espertos o bastante para cometer suas barbáries sorrateiramente, longe dos olhos de outrem? Afinal de contas esses monstros tinham poder suficiente para materializar-se (ou infiltrar-se nas casas isento de qualquer suspeita humana), então poderiam muito bem aguardar a hora ideal. E se fosse justamente naquele momento em que ele sentia sede e iria sozinho no escuro até a cozinha? Mas talvez esses demônios apenas queiram se divertir e observar as pessoas. E provocar alguma reação vez ou outra, apenas para observar essas reações.

-"Mas se realmente acontecesse algo, viraria notícia em algum jornal" - tentava justificar ele. Mas ele não confiava em jornais. Na verdade ele não confiava em ninguém. Ele não acreditava que as outras pessoas iriam de bom grado passar esse tipo de informação a ele, gratuitamente, e portanto a ausência de notícias como esta nos jornais eram apenas uma forma de alienação, uma forma de dizer que estava tudo bem, afinal as notícias eram sempre as mesmas. Era uma forma de dizer que monstros não existem.

Murilo estava ciente que este simples medo do escuro que o acompanhava desde a infância tinha se expandido e atualmente moldado tanto a sua personalidade. Sua forma de ver o mundo. Sua paranóia. Mas não mais, ele iria sozinho no escuro tomar água esta noite. "Os medos devem ser conquistados, meu rapaz".

E assim o fez. Sozinho em casa, foi pela madrugada até a cozinha. Apenas se via alguns reflexos da iluminação lunar em alguns pontos da casa e nada mais. Mas Murilo sentiu uma súbita taquicardia. Sabia que estava sendo observado. Essa era a hora mais aguardada pelos seus monstros particulares, pois fariam valer todos esses anos de espera. E então Murilo teve uma experiência que não saberia descrever em palavras. Sentiu-se como se estivesse em outro lugar, pois tinha certeza que não se encontrava mais em sua cozinha. Escutava vozes e via luzes em sua direção. Tinham-no escontrado.
Sentiu-se tonto, sua pouca visão começou a desaparecer. Sentiu-se fraco, iria desmaiar a qualquer momento.

Quando voltou a si, já estava claro no dia seguinte. Ele havia dormido no chão da cozinha. Sentia dores de cabeça e não conseguia se lembrar de nada. O escuro (ou os monstros; ou ambos) haviam-no vencido novamente.




sábado, 16 de maio de 2015

Saúde não é um direito seu.

"Meu ponto é: saúde de graça é um mito. Por que? A resposta curta: Porque saúde custa caro. Não estou falando de honorários médicos, exames, remédios, que podem ser custeados pelo Estado. Mas do custo que só você pode pagar. O custo de cuidar de si, das pessoas, dos bens comuns e do meio ambiente. Saúde não é um direito, não pode ser exigido. Saúde é um bem, e deve ser conquistado. Saúde envolve comer bem, praticar esportes, ser produtivo, aprimorar-se. Envolve respirar ar puro, beber água limpa. E, também, ter boas relações, confiar em alguém, saber conversar e dar risadas. Ninguém fica saudável sentado, esperando que saúde lhe seja entregue porque é seu direito. Ter saúde dá trabalho."